segunda-feira, 11 de março de 2013

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Fallen From the Sky by Glen Hansard on Grooveshark


Uma das coisas que voce tem que saber sobre mim que eu deixei passar lá na apresentação é que, ao contrário da maioria das pessoas, quando fico nervoso, eu falo. Normalmente eu já falo bastante e rápido, lembra aquele seriado que mãe e filha tinham diálogos ininterruptos e a 100km/h? Então, é exatamente assim. Nao sei porque isso acontece, acho que o silencio me deixa desconfortável e eu tenho que dizer qualquer coisa pra preencher aquele espaço. Eu disse QUALQUER coisa. Lembro de um dia quando fui conhecer o pai da minha primeira namoradinha, tinha meus 14 anos e num determinado momento da noite eu disse pra ele, sem motivo algum, que podíamos ser como Batman e Robin e nos unirmos pra cuidar da filha dele. Pelo menos eu assegurei que ele podia ser o Batman.

Por que eu estou contando isso? Bom, depois da Cath ter me apresentado a Carol, eu tinha duas opções de lugares pra sentar: do lado da Catharina, aonde eu poderia ficar olha do pra aquela menina que com certeza tinha saído de algum romance da Anne Rice, ou sentar ao lado dela e olhar apenas pra minha amiga, o que me salvaria de fazer papel de bobo.

Escolhi a opção menos destrutiva pra mim.

Vocês lembram da Julieta, certo? Esse foi o primeiro dia em muito tempo que eu consegui nao pensar nela. Ok, a garota já tava sumida a umas semanas, é verdade, mas confesso que ela ainda passeava nos meus pensamentos. Mas a Carol? Nossa, essa menina era outra coisa! Eu tava sentado ali do lado dela e, só com a visão periférica eu já ficava babando. Veja bem, eu estudo na faculdade com maior densidade demográfica de garotas bonitas por metro quadrado da cidade e mesmo assim nunca tinha ficado tão encantado assim num primeiro encontro.

Resolvi que ia tentar passar o mínimo de vergonha possível essa noite e depois ia pedir detalhes dela pra Catharina, afinal de contas, essa garota conseguiu me chamar atenção, a primeira depois do desastre chamado Julieta. Quem sabe até o fim da noite eu nao conseguia o telefone dela? Talvez semana que vem a gente tivesse até saindo num encontro e....cara, que que eu tava pensando? Quer dizer, uma hora ela abriu a carteira pra pegar alguma coisa e eu vi a identidade dela, a menina sai bonita até em fotos 3x4! Olha, nao é só o fato dela ser asfixiantemente bonita, modéstia a parte eu costumo sair com garotas bontias. É o jeito que ela fala, o jeito que ela se porta, essa menina é claramente um daqueles tipos que odeia romance, ri na cara do amor e come corações de caras como eu no café da manha. 

Depois de meia-hora de conversa das duas pontuada com um ou outro comentário meu tentando me mostrar legal e descolado (e falhando a maioria das vezes) eu já estava chamando a Carolina de "Carol" pra criar uma ilusão de proximidade e deixar as coisas mais fáceis pra mim. Assim eu nao ficava tão nervoso e falava menos coisa boba e sem nexo. Julliana chegou e resolvemos ir no cinema, enquanto isso eu tentava arrancar uma informação ou outra:

- Entao, voce conhece a Cath a muito tempo?
- Uhn, acho que "a vida toda" seria uma boa resposta. Nossas mães são amigas desde antes da gente nascer.

(Boa, Catharina. Voce tinha uma amiga-irmã dessas e esqueceu dela todas as vezes que eu te pedi pra apresentar uma amiga, né?)

- Nossa, e ce sabe se tem algo que valha a pena em caraz no cinema, Carol?
- Ah, com essas duas aí a gente vai acabar vendo uma daquelas comedias românticas aguinha com açúcar. 
- Não é bem o seu tipo, né?
- Naaah. Gosto mais de filmes de terror ou com explosões, sabe?
- Claro! Meus favoritos também! Um bom filme nao é um bom filme se nao tiver uma grande explosão, certo?

Só pra constar: eu adoro comédias românticas aguinha com açúcar.

Quando chegamos no cinema pra vermos os horários tínhamos três opções: uma animação daquelas de criança, acho que envolvia animais perdidos querendo voltar pra casa, um com a Rachel de "Friends" e o Adam Sandler e Pânico 4. Como a Carol previu, Catharina e Julliana queriam ver a comedia romantica do Adam Sandler ao inves de Pânico 4 porque iam ficar com medo (na real, a franquia Pânico nem deveria estar listada como "terror" nas locadoras de tão galhofa que é...mas vai entender as garotas). Carol insistiu pra vermos Pânico 4 e eu, claro, insisti com ela. Convencemos as medrosas no final das contas e eu fui no cinema com ela pela primeira vez. Difícil se concentrar no filme sentado do lado de uma garota daquelas, mas foi uma das minhas melhores idas ao cinema.

Depois do cinema voltamos ao Starbucks, onde eu tinha começado a noite mas tudo bem, afinal de contas café nunca é demais, certo? Carol deixou explicar que fazia direito e, lembra aquela coisa de falar muito quando fica nervoso? Cara, coitada da garota, usei todo meu conhecimento adquirido em programas como "Law and Order" pra tentar impressionar ela. Certeza que ela achou aquilo muito engraçado. Boa Pablo, conversar sobre um assunto que voce nao domina é tiro e queda pra conquistar garotas.

Eu tava rezando pra alguém me tirar daquela situação constrangedora quando a Catharina falou:

- Gente, tive uma idéia!

(É, Cath pro resgate de novo!)

- Vamos tirar foto!

(NAO CATHARINA!!!)

Tiramos as famigeradas fotos, e sim, eu saí. Minha tática de "oi, deixa que eu bato a foto" nao funcionou. E o pior, eu aind fiquei do lado dela nas fotos, dá pra ver exatamente aonde acaba a beleza das fotos e onde eu começo. Meu cabelo tava ganhando de mim naquele dia. Depois disso pagamos a conta do café, já tava tarde e as meninas tinham que ir embora. A mae da Carol, Cristiana (guarde o nome porque voce vai ouvir muito lá na frente) foi buscar elas e eu fui pra casa sozinho. Acabou que no fim da noite nao tinha conseguido o telefone dela, nao tinha conversado com a Cath e nem marcado nenhum encontro pra semana que vem. Nada no meu plano tinha dado certo e eu tinha certeza que, depois dessa noite (e dessas fotos que infelizmente foram tiradas com a câmera dela) eu nunca mais ia ver aquela garota de novo.

Risos.

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