quinta-feira, 14 de março de 2013

004

A Lack Of Colour by Death Cab for Cutie on Grooveshark


É foi assim que acabou a noite, nada glamuroso, né? A verdade é que a gente ainda tá bem longe de tudo isso dar certo, então paciência leitor.

O máximo que eu pude fazer no fim daquele dia, quando cheguei em casa foi adicionar a Carol na rede social do momento. Apesar de ter quase certeza que não ia ter futuro com essa menina de novo eu a achei bem interessante, e você deve saber o quão difícil é achar pessoas interessantes por aí. Eu queria manter contato com ela. Pra minha surpresa ela aceitou bem rápido, e fiquei feliz quando tinha visto que ela postou a nossa foto no Starbucks apesar deu ter saído bem mal. Vendo a foto eu pensei que devia ter me vestido melhor, mas tudo bem, essa garota nunca ia olhar pra mim mesmo.

Ou ia?

No outro dia resolvi perguntar pra Cath detalhes sobre a menina e ela me confirmou minhas primeiras impressões.

- Voce gostou dela? Ah não, Pablo! Carolina não é o tipo de garota pra você. Você é todo romântico e fofo, ela acha brega isso. Sério, nem tenta. Conselho de amiga.

- Olha, é o mesmo erro que você cometeu com a Julieta. Esse não é o tipo de garota pra você. Você é doce, Pablo, tem tudo pra dar certo, mas mira nas garotas erradas. - Falou a Julliana.

Eu nunca realmente acreditei nessa coisa de tipo, sabe. Na verdade eu nem acho que existam tipos. Eu acredito no coração, não em tipos. Meninas são tão diferentes e únicas que classifica-las em tipos só complica mais. Mas dessa vez eu preferi ouvir minhas amigas, ainda mais depois que a Catharina falou:

- E preciso ser sincera com você, você também não faz o tipo dela. Assim, fisicamente. Carolina curte caras mais altos e fortinhos, sabe?

É, isso era a sentença de morte de qualquer esperança que eu tivesse, haha. Não sou exatamente o tipo de cara que tira a camisa e as garotas começam a suspirar, sabe? Sempre tive inveja desse tipo de gente! Não é justo que eles ganhem as garotas só por causa do bíceps enquanto a gente tenha que atravessar mares de timidez e escalar montanhas de insegurança pra que elas pelo menos olhassem pra gente.

Enfim, seria drama demais, e a última coisa que eu queria na minha vida era drama. Agora, de "ferias" da Julieta, eu só queria achar uma garota legal e que me desse tranqüilidade. É isso, sem mais Carolina então, ia acabar com isso antes de começar.

Resolvi que ia sair aquela semana, não sou bem um cara de balada mas é bom se você quiser conhecer garotas novas, e Deus, eu tava precisando.

Tem uma boate aqui no Rio chamada Pista 3, não é a minha favorita mas parecia ser a que tinha a melhor festa da noite, chamei uma amiga que ia encontrar o ficante (e dentista) dela lá e fomos.

Chegando na boate percebi que ela tava mais vazia do que eu esperava, o que era ótimo! Fui pro bar, pedi uma Bohemia e comecei a ver se achava alguém legal na pista. Tinham umas meninas bonitas até, mas as vezes eu acho que sou exigente demais, nenhuma saltou aos meus olhos. Até que eu vi uma menina que tinha um estilinho hippie-chique muito gatinha, sabe? Tiara no cabelo, blusa de alcinha, brinco de coco, saiao estampado. Ela era uma gracinha. Não como a Carol, ou a Julieta, mas talvez fosse legal conhecer ela. Olhando com mais atenção pra camisa dela eu percebi que tinha o rosto da Florence, aquela dos "Dog Days Are Over", sabe? Não sou muito fã, mas consegui reconhecer. Nossos olhares se cruzaram algumas vezes. O DJ botou um remix de "Open Your Eyes" do Snow Patrol e numa das trocas de olhares ela olhou pra mim e fez sinal de positivo. 

Eu tava com uma camisa do Snow Patrol. 

Decidi falar com ela mais tarde, fui checar como minha amiga tava e demorei pra achar. Tava quase me preocupando, mas tava tudo bem. Voltei pro bar, mas não achei mais a menina. Logo agora que eu ia falar com ela! Avistei uma das amigas que tava com ela e perguntei pela menina de camisa da Florence, ela disse que a amiga tinha ido dançar na pista de cima. Subi.

A pista de cima estava mais cheia, droga. Mas não demorei muito pra acha-lá. Logo que achei fui ao DJ e pedi pra ele botar alguma da Florence mesmo sem gostar. Começou e, como eu tinha previsto, ela adorou. Cruzamos os olhares de novo e dessa vez eu apontei pra camisa dela sorrindo. Depois de um tempo ela foi pro bar e eu fui atras.

- Snow Patrol!
- Florence and the Machine! Haha, belo show na pista.
- É, eu gosto muito dela.

Pedi uma cerveja, ela pediu um daqueles drinks doidos de boate que as garotas gostam e sentamos.

- Nao posso ficar te chamando de Florence a noite toda, certo?
- Não, haha.
- Ok, eu sou Pablo. E você é?
- Eu sou a Lua
- Lua? Luana?
- Não, eu sou a lua, as estrelas, tudo. E isso, isso é o destino.

Na hora eu achei que ela tava meio bêbada, ou ate chapada. Mas ela continuou.

- Acho que ninguém entra na vida de alguém por acaso. Talvez a pessoa nem fique, mas com certeza tem algum propósito. Eu adoro quando essas coisas inesperadas acontecem, acredito muito no destino.

Ela tinha um ponto. Me interessei sobre aquilo. Depois um pouco de conversa, onde ela me dizia que nada era por acaso o celular dela tocou e ela foi prum lugar mais quieto atender, disse que voltava, mas eu achava que não ia voltar. Vocês sabem como a lua muda fácil.

Mas ela voltou, meio cabisbaixa, inclusive. Eu notei, e tentei ser sutil perguntando:

- Era o Sol?
- Uhn, já foi. Mas essa Lua não tem nenhum sol por enquanto...

Segurei a mão dela me inclinei em direção a ela. Ela recuou.

- ...e ainda não tá pronta pra ter por agora.
- Oh, ok.

Ela riu pra acabar o climao e conversamos pelo resto da noite. Ela era a pessoa realmente diferente. Eu não voltei pra pista, nem ela. Ficamos ali, papeando no bar. As 4am minha amiga veio dizer que a gente tava indo. Odeio depender de carona. Pedi um minuto. E fui falar com a Lua.

- Preciso ir...
- Poxa
- Voce não vai mesmo me dizer seu nome, né?
- Eu sou a Lua, Pablo. E foi um prazer conversar com você essa noite.
- Posso pedir seu telefone, então? Queria conversar mais com você.
- Se for pra nos vermos de novo, vamos nos ver de novo. Ou talvez tenhamos nos conhecido só pra ter essa noite agradável. Vamos ver como vão ser as coisas. Se nos virmos novamente te dou o telefone.

Não foi, nunca mais vi a Lua. Mas aprendi uma coisa muito importante com ela, não adianta ter pressa, não importa o quanto você tente uma coisa. As coisas vai ser se tiverem que ser, e quando tiverem que ser.

Aquela menina que eu conheci a uma semana atras ia se tornar a pessoa mais importante da minha vida, e eu não tinha nem pista disso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário